quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Hora de dormir

Noite, o comércio já está fechado.

Sobre a carroça, uma lona preta serve de teto e parede.

Uma criança pequena entra na "barraca".

A luz azul que vem de dentro e o som murcho de um âncora qualquer deixam claro:

Eles têm uma tevê.

Homem, branco, magro, barba por fazer.

Todos os dias ele está sentado à porta da igreja.

Ela não tem a fachada de uma igreja normal, parece mesmo um prédio qualquer com um crucifixo pelo lado de dentro da porta.

Mas me parece que ele escolheu alí por ser mesmo uma igreja. Assim é mais fácil conseguir alguma simpatia. 

Para cada senhora que entra, um sorrizo amigável. Para cada garota que passa, uma leve torcida atenta no pescoço.

Dois palhaços animados.

Vermelho no semáforo.

Os dois rapazes fantasiados de palhaço fazem reverência na frente dos carros.

Enquanto um faz malabares o outro toca, animado, um intrumento feito de cano de butijão de gás e funil.

Eles mesmos batem palmas.

Alegremente, trocou seu funil por um pente do qual faz uam gaita. O outro tirou o chapéu para arrecadar as moedas dos carros.

Homem, negro.

No meio da rotina me cortou a atenção:

- Tem um real para interar o almoço?

Atrás de mim, sentado, a voz calma porém decidida me perguntara.

Mexia em alguma caixa que provavelmente tráz consigo.

Chapéu "rasta" vermelho e uma blusa de lã também vermelha.